A avaliação vestibular é um recurso essencial para médicos e profissionais da saúde que lidam com pacientes que apresentam queixas como tontura, zumbido no ouvido e alterações auditivas. E, se você já atendeu alguém com esse perfil, sabe o quanto os sintomas podem ser confusos, sobrepostos e difíceis de interpretar de forma isolada.
Correlacionar achados vestibulares com alterações auditivas não é só uma questão de boa prática clínica — é o que pode realmente mudar o desfecho do atendimento. Para isso, o raciocínio integrado é indispensável. Mais do que aplicar testes, é preciso interpretar a história do paciente, cruzar dados e, sobretudo, entender o funcionamento conjunto dos sistemas auditivo e vestibular.
O olhar multidisciplinar que transforma diagnósticos
Zumbido e tontura quase sempre vêm acompanhados de um histórico clínico denso, repleto de nuances. O paciente que chega à consulta, geralmente, já passou por uma maratona de especialistas. Por isso, o primeiro passo é uma anamnese detalhada — e isso inclui ter atenção plena não apenas ao que ele relata, mas como ele relata.
Ao compreender as relações entre sintomas auditivos e vestibulares, ganhamos clareza sobre o que pode estar por trás da queixa principal. Sensibilidade auditiva aumentada, perda auditiva progressiva, ou mesmo a coexistência de zumbido com instabilidade corporal, tudo isso pode ser sinal de que algo está impactando mais de um sistema sensorial ao mesmo tempo.
É aqui que entra a avaliação vestibular: como ferramenta complementar e, ao mesmo tempo, como chave para entender o todo.
Como o equilíbrio e a audição se entrelaçam
Do ponto de vista neurofisiológico, o sistema vestibular e o auditivo têm origens próximas — ambos situam-se no labirinto, dentro do ouvido interno, e compartilham trajetos neurais iniciais. Isso significa que qualquer disfunção nessa área pode impactar tanto a percepção auditiva quanto o equilíbrio.
Um distúrbio coclear, por exemplo, pode não se limitar à perda auditiva. Ele pode gerar sensações de pressão auricular, zumbido e até desencadear episódios de vertigem. A sensibilidade sonora exacerbada, por sua vez, pode ser um marcador de alterações no processamento auditivo central, influenciando a forma como o paciente experimenta os sons do ambiente e como ele reage a estímulos de movimento.
Avaliação vestibular: o que os testes realmente mostram
Entre os testes mais utilizados na rotina de avaliação vestibular, destacam-se:
- VENG (eletronistagmografia): avalia os reflexos oculomotores e a resposta do labirinto ao estímulo calórico.
- vHIT (vídeo Head Impulse Test): mensura o reflexo vestíbulo-ocular de forma mais dinâmica.
- Provas calóricas: avaliam o equilíbrio térmico entre os labirintos.
- Posturografia: permite analisar a oscilação corporal e a estratégia de controle postural.
- Teste de impulso cefálico: fornece uma leitura prática da integridade do sistema vestibular.
O mais importante, porém, não é apenas realizar os testes — é entender como os achados se encaixam no quadro clínico apresentado. Nem sempre uma prova calórica alterada significa disfunção grave. Da mesma forma, um vHIT dentro dos padrões não descarta um comprometimento compensado. É o conjunto de dados, somado à escuta qualificada, que faz diferença.
Quando os sinais auditivos e vestibulares se cruzam
Perda auditiva e zumbido com tontura: combinação que já é quase clássica. Mas o desafio está em decifrar se são manifestações de uma mesma causa ou apenas coincidência clínica.
Nos casos em que há alterações auditivas — como perda sensorioneural súbita ou progressiva — e sinais vestibulares concomitantes, o raciocínio deve ser ampliado. Investigar possibilidades como Doença de Menière, vestibulopatia recorrente, enxaqueca vestibular e até disfunções no processamento auditivo central é fundamental.
Outro ponto de atenção são os casos de hiperacusia ou sensibilidade sonora associada à instabilidade corporal — especialmente em pacientes jovens, com queixas vagas, mas incômodas. Nessas situações, uma avaliação conjunta entre otorrinos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas especializados pode trazer uma luz que nenhum teste isolado conseguiria.
Zumbido com componente vestibular: como identificar?
O zumbido é, por si só, um sintoma multifatorial. Mas quando associado a tontura episódica, náusea ou desequilíbrio, ele exige investigação aprofundada.
A suspeita de zumbido de origem vestibular surge, especialmente, em quadros flutuantes, com variação em resposta a movimentos, posição ou esforço. A presença de autofonia, sensação de pressão auricular e desequilíbrio pode indicar patologias como fístulas perilinfáticas, hidropsia endolinfática ou até migrações labirínticas.
A acufenometria e a análise do processamento auditivo central também devem fazer parte do protocolo quando o zumbido apresenta comportamento atípico. Nesse ponto, a formação técnica faz toda a diferença.
Casos clínicos: onde teoria e prática se encontram
Veja um exemplo prático:
Paciente de 47 anos, com queixa de zumbido unilateral há 8 meses, associada a episódios esporádicos de tontura rotatória leve e sensibilidade auditiva.
Exames:
- Audiometria: perda auditiva leve descendente no ouvido direito
- VENG: resposta labiríntica reduzida à direita
- Posturografia: oscilação aumentada com olhos fechados em superfície instável
Hipótese diagnóstica: disfunção cocleovestibular periférica incipiente à direita, com sinais compatíveis com início de Doença de Menière ou síndrome de hidropsia parcial.
Esse tipo de correlação é o que transforma a prática clínica. E não se aprende só nos livros — é preciso estudo de casos, troca com outros especialistas e supervisão técnica.
E como aprofundar esse conhecimento?
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A proposta não é te dar mais conteúdo técnico engessado — é construir, junto com você, uma ponte entre teoria e ação, entre conhecimento e resultado.
A escuta clínica que integra
Na avaliação vestibular, mais importante do que aplicar todos os testes possíveis, é saber interpretar os sinais que cada paciente entrega. O zumbido no ouvido, a tontura silenciosa, a perda auditiva sutil… tudo isso pode ser parte de um mesmo quebra-cabeça.
Correlacionar achados vestibulares com alterações auditivas não é só competência técnica — é cuidado, é atenção, é escuta ampliada.
No ISBO Cursos, acreditamos que é possível ir além da teoria. Que, com formação certa, supervisão de qualidade e um olhar clínico atento, dá para transformar positivamente o atendimento. E principalmente: ajudar seu paciente a encontrar um caminho mais claro dentro da confusão que é sentir-se tonto, incomodado com o som e sem respostas.
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